Ajudar as pessoas é muito importante para Carlos Augusto Scremin De Nardin, 18 anos, ou Guto, para os colegas de escola e amigos. Ele, que tem Síndrome de Down, mobilizou toda a comunidade escolar do Colégio Pallotti Antônio Alves Ramos, onde estuda no 1º ano do Ensino Médio, para arrecadar 90 quilos de lacre de latinhas.
A iniciativa tem por objetivo trocar o metal por uma cadeira de rodas, que ficará à disposição de quem precisar. Guto começou a campanha há mais de um ano, junto do pai, Odone Romeu De Nardin. Mas, foi depois de janeiro deste ano, que o jovem intensificou a arrecadação do material.
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A tia de Guto, Ivone Denardin Varella, 72 anos, conta que o pai dele foi diagnosticado com câncer de pâncreas e fígado e faleceu em janeiro deste ano. Quando estava no hospital, Guto prometeu ao pai que concluiria o trabalho.
– Lembro do Guto colocando a mão no peito do pai dele e perguntando: "E os lacres, pai?". Aquilo me fez chorar muito. Mas eles conversaram e o pai disse que ele teria que terminar o trabalho sozinho. E o Guto prometeu que o faria – comenta Ivone, emocionada.
No início de julho, o jovem concluiu a meta de arrecadação dos lacres e, no dia 18, um amigo da família foi buscar a cadeira de rodas, em Porto Alegre. Quando o equipamento chegar em Santa Maria, no início de agosto, ficará na sede do Lions Club Itararé, instituição da qual o pai de Guto fazia parte.
Ivone, que também é integrante do grupo, comenta que o equipamento poderá ser retirado, para empréstimo, por qualquer pessoa que pedir e comprovar que precisa do equipamento.
REDE DE COOPERAÇÃO
A mãe de Guto, Sandra Maria Scremin Denardin, 58 anos, diz que, além dos colegas de colégio, Guto também conseguiu ajuda do Lions Club Camobi, de associados do Centro de Pesquisas Folclóricas (CPF) Piá do Sul, de integrantes do Bem Viver, grupo que atende pessoas com Síndrome de Down, e de familiares de outros estados.
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Sandra destaca o empenho das pessoas em ajudarem Guto a arrecadar os lacres, e o carinho que foi transmitido a seu filho.
– É muito bonito perceber essas trocas. As pessoas trataram e tratam ele com um carinho imenso. O pessoal do Piá do Sul até queria dar uma cadeira de rodas para ele, mas eu expliquei que o propósito seria ele fazer a arrecadação dos lacres. Quando eles entenderam isso, começaram a juntar todos os lacres das latas que estavam nas mesas do salão do CPF, depois das festas – conta a mãe.
No colégio, todas as turmas ajudaram, mas os alunos do 1º ano do Ensino Fundamental foram os que mais se empenharam, segundo a professora Valquíria Rios, 40 anos. Ela diz que os pequenos adoram Guto e se empenharam muito para ajudar. Foi Valquíria quem auxiliou Guto a passar nas salas de aula para pedir a arrecadação de lacres. Segundo a professora, os alunos fizeram de tudo para ajudar.
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E com essa rede de cooperação, o jovem conseguiu os 90 quilos para uma cadeira de rodas. Mas não quer parar por aí. Ele já começou a segunda campanha de arrecadação do material para ter mais um equipamento, porque ele adora ajudar as pessoas, e diz que quer "fazer isso para sempre".
CURIOSIDADE
Ao se apresentar, Guto fez questão de salientar que seu sobrenome De Nardin escreve separado, diferentemente do último nome de sua mãe, que é Denardin. Isso porque Guto e o pai dele conseguiram a cidadania italiana e tiveram os sobrenomes "corrigidos".
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